quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Parrameiros

O Zé Maria, com o seu triciclo, passava todo o Verão a vender bolos na Praia de Magoito e ainda corria as festas e feiras da região saloia à noite nos fins-de-semana.
Os bolos eram feitos pela sua mulher, durante a tarde e noite, numa garagem transformada em pastelaria, ( que faria qualquer digno agente da ASAE ter logo ali alguma coisa má), e de manhã lá estava ao cimo das escadas de acesso à praia, com as Bolas de Berlim, Queques, Mil-Folhas, Travesseiros (melhores que os da Casa Periquita, garanto), e umas ferraduras grandes que davam sustento para uma manhã inteira com o seu perfume a erva-doce e que davam pelo nome de Esparramêros.
Só muitos anos depois é que percebi, quando vi escrito, que afinal aquela maravilha se chamava Parrameiros. São assim:

Ingredientes:

1.15 Kg de Farinha de Trigo
40 g de Fermento de Padeiro
2 Ovos
100g de Margarina
1 dl de Água morna
0,5 dl de Leite
1,5 dl de Água
450 g de Açúcar
Raspa de 1 Limão
Gema de Ovo para pincelar
1 colher (chá) de Canela em pó
1 colher (sobremesa) de Erva Doce
Farinha para polvilhar

Preparação:

Num decilitro de água morna desfaça o fermento de padeiro e misture com 150 grs. de farinha, trabalhe esta masse e deixe levedar por 30 minutos aproximadamente.
Num recipiente coloque a restante farinha, abra-lhe uma cova no meio e insira aí a massa fermentada, vá trabalhando a massa e vá juntando a água e o leite. Seguidamente junte a canela, a margarina derretida, o açúcar, a erva-doce, a raspa da casca do limão e os ovos, amasse tudo muito bem. Forme uma bola, cubra com um pano e coloque a massa novamente a levedar.
Depois da massa ter levedado (aumentado de volume) volte a amassar. Retiram-se pequenas porções de massa que se tendem e enrolam, depois espalmam-se, esticam-se as pontas dando o feitio de ferradura ou meia lua.
Colocam-se num tabuleiro polvilhado de farinha e deixa-se descansar por mais 30 minutos.
Pincelam-se com gema de ovo e vão a cozer em forno pré aquecido a 200º C.


Notas:

A erva doce pode utilizar-se moída em pó, o que facilita bastante o uso, mas, originalmente, quando apenas se vendia em grão, era esmigalhada num almofariz e depois adicionada à massa, o que dava como resultado encontrarem-se na boca, bocadinhos da semente com um sabor forte a aniz e que conferia aos Parrameiros um toque "étnico" muito poderoso.

8 comentários:

Marizé disse...

Desconhecia completamente o nome de parrameiros para as ferraduras com sabor a erva doce.
Gostei da história do vendedor e da "pastelaria" da sua mulher.

Em relação á sopa de coentros, também gostava de conhecer a sua.

Beijocas

Luís Pontes disse...

É uma história verdadeira e o Zé Maria, se calhar, ainda existe. Durante o Inverno era operário nos mármores de Pêro Pinheiro mas, mal cheirava a Verão, lá estava o Zé Maria dos Bolos.

Mandei-lhe a sopa.

Bom Fim-de.Semana

Paula disse...

Obrigada por ter deixado esta receita no "Rap'Ó Tacho". Assim fiquei também a conhecer o "Comidas Caseiras" de que gostei muito. Parabéns!

Unknown disse...

bom dia,

eu sou uma das sortudas que cresceu a comer os bolos do zé maria. Logo pela manhã quando chegávamos á praia o ouviamos a dizer "olha os bolos do zé maria dão saude e alegria para o resto do dia" fala sempre em rima é a pessoa mais humilde e bem dsiposta que conheço e ainda hoje passados talvez vinte anos de vez em quando ainda lá vou á praia do magoito (sim porque ele ainda lá está!!!) matar as minhas saudades do salame de chocolate caseiro que não existe em mais lado nenhum... aqui que ninguém nos ouve a esposa do sr. zé maria já me deu a receita mas digamos que preferi perdê-la...é que ir a magoito e recordar a minha meninice é mil vezes melhor do que exprimentar a receita em casa... talvez um dia volte a encontrá-la quando já não fôr possivel ir a magoito e saboreá-la sentada no muro a sentir a maresia....

Luís Pontes disse...

Olá Ana Isabel,

Eu vivi em magoito, primeiro em férias e fds de 1962 a 1977 e depois, em permanencia, de 77 a 83. Morava a 100m do Lé na rua que começa ao lado do chafariz.
Depois foi o grande boom da construção em Magoito; aquilo foi um desgosto para quem era do tempo em que chegou a electricidade e todos se conheciam e pertenciam
ao "grupo". Mudei-me para a Aldeia Galega e passei para a Aguda, mais sossegada e cheia de percebes.
Se você ainda pertenceu a essa malta gostava de conversar consigo, se quiser.
O meu e-mail é elepontes@gmail.com

greentea disse...

QUE BEM ME LEMBRO DESSE zÉ mARIA Q PERCORRIA TODA A PARAIA COM ALEGRIA, CARREGADO COM CAIXAS DE BOLOS, ESPERANDO PACIENTEMENTE Q CADA FREGUES FIZESSE AS SUAS ESCOLHAS, ABRINDO AS DIVERSAS PRATELEIRAS DA CAIXA DE BOLOS QUE GULOSAMENTE TODOS FICAVAM A OLHAR INDECISOS.
hOJE DIA DE SAO PEDRO PROCURAVA A RECEITA DOS PARRAMEIROS E TIVE O PRAZER DE A ENCONTRAR NUM "CONTERRANEO" DE MAGOITO.

uM ABRAÇO

Unknown disse...

mano quido , grande surpresa! andava eu à procura dos nossos "velhos parrameiros" e tropeço no blog do mano velho !és delicioso !
mana bébé

uma pecadora disse...

Passei ( há muitos anos) férias e fins-de-semana no Magoito em casa de uma amiga.
Lembro-me muito bem do Lé, do Zé Maria e de outros.
Recordo a estrada que nos levava até à praia. Sem construções. Apenas pinhal.
Lamento saber que tudo está estragado.

Beijinhos à Zé.